Alunos e ex-alunos do CTR da ECA USP marcam presença em festivais de cinema

Matéria publicada no site da ECA USP.

No mundo dos festivais de cinema, não é incomum ver alunos e ex-alunos do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) surgirem nas listas de apresentações e, mesmo, serem premiados por seus filmes, sejam eles curtas ou longas, de drama, comédia ou animações.

Os mais recentes nomes que podemos citar são a aluna Vanessa Silva, o recém-formado Renato Duque e os ex-alunos Marco Dutra e Juliana Rojas – Vanessa participou há pouco do 17º Festival Internacional de Escuelas de Cine, que ocorreu em agosto, em Montevideo, no Uruguai, assim como do 27º Festival Internacional de Curtas de São Paulo e do 19th Tel Aviv Student Film Festival, com o curta Eu só queria que você dissesse, seu projeto de TCC defendido esse ano, que ambienta-se na ECA e segue Marcela, “que busca uma definição na relação que tem com Bruno, ambos alunos da Escola”.

Renato também participou do festival em Montevideo, bem como do 12th Athens Animfest, do Animafest Zagreb 2017 e do Festival Internacional de Cine de Huesca, além de ter sido premiado na vigésima edição da competição do Centre International de Liaison des Ecoles de Cinema et de Television (CILECT), com a animação Oceano, seu trabalho de TCC, que segue Luna, menina que começa a se questionar se deveria usar seus superpoderes para se tornar uma super-heroína.

Já Marco e Juliana ganharam o Leopardo de Prata no Festival Internacional de Cinema de Locarno, um dos mais prestigiados do mundo, com o longa As Boas Maneiras, um filme de fantasia, que conta a história de Ana, uma grávida que começa a apresentar comportamentos estranhos e afetar Clara, a enfermeira que contratou para ser babá do filho ainda não nascido.

Trailer de ​As Boas Maneiras

Estes são exemplos recentes, mas que não representam a totalidade de nomes associados ao departamento que circulam em festivais: desde muito cedo, a possibilidade de experimentação que o ambiente universitário permite abre portas para que alunos do Audiovisual interessados em trabalhar com cinema possam criar e exercitar suas produções cinematográficas e incluí-las nos circuitos de divulgação e competição universitários e gerais.

“Desde o início da graduação, eu ia à festivais aqui em São Paulo, tanto como espectadora quanto como participante de oficinas,” comenta Vanessa Silva, algo que Marco Dutra corrobora: de acordo com ele, alguns exercícios realizados em sala de aula, à época em que era aluno, circularam em festivais, ainda que de maneira um tanto restrita.

Tal como em grandes encontros de qualquer profissão, a experiência de participação em festivais permite aos graduandos a oportunidade de trocar ideias e experiências com outros realizadores e “ver o que está sendo feito ao redor e conhecer quem está usando essa linguagem,” conforme pontua Renato Duque, o que tende a ser proveitoso tanto para alunos que estão exibindo seus filmes como àqueles que participam como espectadores. Além disso, Vanessa afirma que é uma possibilidade “de exibir curtas, que praticamente não têm distribuição comercial, ver filmes em tela grande e receber um retorno do público”.

Cena de Eu só queria que você dissesse

Não obstante, festivais se mostram ainda como uma oportunidade de aprendizado, já que muitos “incluem atividades interessantes de formação com profissionais experientes” e possibilitam a formação de parcerias de caráter comercial, como afirma Vanessa. “É uma primeira mostra que você faz fora da faculdade e do seu trabalho e isso é muito importante para que você possa fazer contatos, não só profissionais, mas, principalmente, criativos”, revela Renato. “Você pode contextualizar a sua produção artística dentro do ‘mundo real’”.

De acordo com o professor Rubens Rewald, coordenador do curso de Audiovisual, a participação em festivais é “fundamental”, pois é nesse espaço que os filmes ganham prestígio e atingem resultados aquém dos esperados. “Pode decidir a sua vida,” pontua. “Ver que alunos e ex-alunos estão circulando em grandes festivais é um ótimo reconhecimento de que o projeto didático do curso está tendo resultado”.

Marco, formado em 2003, já havia participado de festivais durante a graduação, mas foi seu filme de TCC, O Lençol Branco, também realizado em parceria com Juliana Rojas, que mais circulou nestes circuitos, chegando ao Festival de Cannes, o maior do mundo, em 2005. Tendo realizado diversos outros filmes nestes 14 anos, muitos dos quais foram exibidos em festivais, ele afirma que essas experiências tiveram muita influência em sua trajetória profissional, já que deram “uma noção real do que era exibir um filme para uma plateia e colocar a sua obra em diálogo com o público”. “Saber entender, reagir e aprender com as reações das pessoas é muito importante já no período de estudo,” revela. “Para que não fiquemos com os nossos trabalhos escondidos dentro da escola”.

Trailer de Oceano