A Cultura de Ex-alunos da Direito Ribeirão

Percentualmente, a Faculdade de Direito de Ribeirão Preto é a unidade da USP com o maior número de inscritos na plataforma Alumni USP. Atualmente são 35% dos seus egressos que buscaram se cadastrar. Na sexta-feira, 12 de Abril, ocorreu o I Encontro de ex-alunos da Faculdade e o evento convidou o escritório Alumni USP para uma breve fala sobre a plataforma. Quem também participou, falando na roda de conversa dos egressos, foi o ex-aluno Fernando Amorim que tem uma importante ligação com a FDRP, pois ingressou na primeira turma de graduação em 2008 e, na sequência, deu início ao seu mestrado, também na primeira turma, em 2014 – pós-graduação hoje já concluída. Para contar um pouco desta busca por uma cultura de ex-alunos que está começando a se formar na FDRP, nós o entrevistamos.

 

Participação do Escritório Alumni USP no I Encontro de Ex-Alunos da FDRP

 

Após o Encontro, como você avalia a conversa dos ex-alunos e o evento de maneira geral? Qual a importância de um evento como este para que os ex-alunos compartilhem sua experiência pessoal na Instituição que os formou?

FA – A minha avaliação foi positiva. Foi uma alegria retornar à Casa e encontrar, alguns anos depois, amigas e amigos do corpo discente, docente e de funcionários da FDRP. Especificamente sobre a conversa com antigos alunos, acredito que ela cumpriu o seu propósito. Imagino que os próximos encontros terão uma maior adesão junto aos egressos, discentes da Graduação e pós-graduandos/as, caso seja realizada uma divulgação antecipada dos objetivos do evento de modo a permitir um planejamento pessoal das interessadas e interessados, especialmente no caso de egressos que não residem em Ribeirão Preto.

Sobre a importância do evento, além da função de reativar afetos e estreitar laços profissionais, entendo que essas atividades análogas têm uma importância ímpar de permitir uma tomada de consciência coletiva. Uma reflexão interna sobre os frutos do amadurecimento institucional das unidades e seus egressos, especialmente no processo de implementação da igualdade material na sociedade brasileira. Um exemplo evidente, abordado em dois momentos nas conversas dos antigos e antigas alunas, é a necessidade de uma paridade de gênero nos eventos organizados pelas Universidades e demais organizações sociais.

 

Além do evento, como é a vivência dos ex-alunos com a USP? Há uma cultura de ex-alunos na FDRP?

FA – A cultura de antigos alunos e antigas alunas ainda é incipiente. Um grupo de discentes iniciou os primeiros debates sobre a fundação da Associação de Antigas Alunas e Alunos da FDRP em meados de 2012. À época, tivemos uma valiosa consultoria da Jurisconsultus (Empresa Junior dos Alunos da FDRP), que resultou em uma minuta preliminar de Estatuto da Associação, mas o projeto acabou ficando em segundo plano.

No início de 2019, já com um corpo de egressos mais robusto, um grupo de alunas e alunos de turmas distintas reativou os trabalhos e, como pude registrar na roda de conversa, já estamos na reta final da revisão do Estatuto e esperamos tirar a Associação do papel neste primeiro semestre. Após esses trabalhos burocráticos, pretendemos fazer uma chamada pública para fomentar a participação de interessadas e interessados em integrar a Diretoria “pro tempore” da Associação das Antigas Alunas e Alunos da FDRP.

 

A FDRP é razoavelmente nova, você ingressou em uma das primeiras turmas? E na sequência entrou no mestrado na mesma Faculdade, você poderia nos contar um pouco dessa sua experiência na USP? E também se puder falar um pouco sobre a sua pesquisa de mestrado.

FA – Fui um dos alunos da Turma I, com os seus eternos ônus e bônus derivados. Quando chegamos em 2008, o terreno da FDRP era um pavimento de terra roxa batida, um solo de muitas expectativas e angústias (na mesma medida, arrisco). Havia somente quatro docentes, e uma das contingências mais penosas foi o intensivo, em período integral, das disciplinas propedêuticas nas dependências da FEA-RP (em 2009, os discentes da Turma II foram alocados na EERP, a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto). Pessoalmente, destaco uma experiência em especial: a fundação, com diversos colegas das Turmas I e II, do CAAJA (Centro Acadêmico “Antonio Junqueira de Azevedo”), que neste ano fará dez anos de existência.

Essa experiência-piloto demandou bastante resiliência e paciência para todos os envolvidos. É uma grande alegria notar que a FDRP deixou de ser uma promessa e efetivamente se tornou um polo de excelência, comprometido com a formação docente, pesquisas jurídicas de alto nível e projetos de extensão compromissados com a região.

Com criação do Programa de Pós-Graduação da FDRP em 2014, novamente aceitei o desafio de integrar uma Turma I, agora no Mestrado, sob orientação da Professora Juliana Domingues. A pesquisa, que teve apoio da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), promoveu uma análise do ambiente institucional antitruste brasileiro de uma conduta unilateral específica, a fixação de preços de revenda, à luz do princípio da segurança jurídica.

 

Quais instrumentos ou experiências a USP lhe ofereceu para o mercado de trabalho que você destacaria? E quais são suas ambições nele, fazendo doutorado, pretende ser professor na própria FDRP?

FA – Minha trajetória profissional e acadêmica começou a ser moldada quando eu estava no quarto ano da Graduação da FDRP. O Professor Associado Thiago Marrara divulgou uma oportunidade de estágio de férias em um escritório na área do Direito da Concorrência (ou “Direito Antitruste”) em São Paulo e foi lá que tomei conhecimento da área. Acabei sendo bolsista de Iniciação Científica e elaborei o meu TCC na área, ambos sob orientação do próprio Professor Marrara. Como mencionei, segui pesquisando no Direito Antitruste durante o Mestrado e, meses após a defesa da minha dissertação, recebi um convite para trabalhar na autoridade antitruste brasileira, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Essas oportunidades foram resultado direto das experiências propiciadas pela FDRP, que vem se revelando um celeiro de pesquisas de alto nível no Direito Antitruste. Inclusive, o Cade, sediado em Brasília, atualmente tem mais dois servidores da FDRP em seu quadro técnico, sem contar as diversas alunas e alunos que participaram do programa de intercâmbio do órgão (PinCade) e de várias advogadas e advogados que atuam no Direito da Concorrência em São Paulo.

Atualmente estou fazendo doutorado na Universidade de Brasília (UnB), e conheço diversas amigas, amigos e colegas das primeiras turmas da FDRP que também aspiram à carreira acadêmica. Reconhecendo as limitações físicas e orçamentárias que impedem um crescimento orgânico imediato no corpo docente da FDRP, não tenho dúvidas de que, daqui a alguns anos, haverá um número considerável de egressos já com a devida titulação e que, certamente, retornariam com entusiasmo à nossa “alma mater” agora como professoras e professores.