Alumni em destaque: Marcelo Sousa

Após a sua pós-graduação na Universidade de São Paulo, ele resolveu unir a ciência ao empreendedorismo para criar uma startup direcionada à fototerapia 

 

Foto: arquivo pessoal

Marcelo Victor Pires de Sousa, egresso de pós-graduação em Física pela USP, sempre quis trabalhar com ciência: “Eu frequentemente comento que nasci pra ser cientista. Desde criança, eu gosto de fazer pesquisa. Na época do colégio, as aulas de prática experimental eram onde eu me dava melhor”. Foi também ao longo desse período escolar que descobriu a sua vocação para a Física. “Esse interesse vem de muito tempo. Quando eu tinha 13 anos, comecei a participar de olimpíadas de exatas. Eu me saí muito bem e por isso me empolguei com essa área”, comenta.

Sua trajetória na USP começou a ser trilhada perto do final da graduação na Universidade Federal do Ceará (UFC). “Eu queria fazer o mestrado para aplicar o conhecimento teórico, mas não sabia exatamente em qual área. Então, comecei a pesquisar sobre o assunto e encontrei o livro ‘Física para ciências biológicas e biomédicas’ da Professora Emico Okuno, do Laboratório de Física Médica da USP. Eu fiquei absolutamente encantado por esse livro e procurei o contato dela para falar sobre a minha vontade de estudar esse assunto. Por causa da idade, ela não estava mais orientando mestrado, mas me passou o contato da Dr. Elisabeth Yoshimura, que seria a minha orientadora”.

Marcelo conta que o fator determinante para ele optar pela Universidade de São Paulo foi a excelência da instituição. “Eu escolhi a USP por dois motivos: por causa desse histórico de professores os quais eu admirava muito, uma vez que o Laboratório foi fundado pelo próprio César Lattes, orientador da Professora Emico, e por considerar que a Universidade era que tinha a melhor reputação”.

Foto: arquivo pessoal

Tanto seu mestrado quanto seu doutorado tiveram como foco a fotomedicina. “Esse campo é extremamente amplo e trata basicamente da utilização de luz para terapia e diagnósticos. Na área de diagnósticos, é possível fazer uma série de quantificações do corpo humano, de biomarcadores de imagens utilizando luz. Do ponto de vista da terapia, que é onde eu trabalho mais, a fotomodulação é útil para tratamento de combate a dores e inflamações, além de acelerar o processo de regeneração de tecidos biológicos, com acontece no pós-operatório”, explica. O motivo para essa escolha de tema veio de sua vontade de estudar algo inovador. “Quando eu cheguei no Instituto de Física (IF-USP), me ofereceram dois caminhos: ir para a radioterapia, que é um campo já bem estabelecido no qual poderia ter aplicação de pesquisas incrementais, ou, então, ir para a área de fotobiomodulação que, pelo contrário, era completamente nova e poderia ter um impacto realmente disruptivo. Eu escolhi essa última alternativa”.

Mas foi apenas anos mais tarde que surgiu a ideia de criar a empresa Bright Photomedicine. “Quanto mais eu fazia pesquisa e mais explicava para alguns colegas, eles diziam que eu tinha uma ‘startup pronta’. Isso foi um incentivo, já que martelaram muito esse assunto na minha cabeça. Depois de defender meu doutorado, resolvi abrir uma empresa, na qual a pesquisa básica foi o meu projeto de tese”. A startup, entretanto, nunca deixou de perder vínculos com a Universidade de São Paulo. Localizada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC), incubadora de empresas da USP, a Bright conta com um corpo de funcionários composto, em sua maioria, por alunos e ex-alunos da Universidade, além de também possuir parcerias e fornecedores ligados à USP.

Para Marcelo Sousa, essa ligação entre ciência e empreendedorismo tem uma grande importância, podendo ser bastante benéfica: “A ciência está ficando cada vez mais cara. O custo de fazer uma pesquisa se torna cada vez mais elevado e não é factível não ter um retorno de iniciativa privada. A ideia é fazer uma pesquisa em que se desenvolvem produtos, que ao serem comercializados, geram dinheiro e parte desse valor obtido volta para alimentar a pesquisa base. É também quase impossível criar um mercado praticamente novo sem que se tenha uma ciência por trás, sem uma base teórica. Eu vejo essa relação como algo extremamente positivo para os dois lados”.

Ele ainda comenta sobre a importância da Universidade de São Paulo em sua carreira. “Foi a entidade mais importante para a minha vida. Quando cheguei na USP, eu tinha uma visão muito estreita sobre o que era a ciência e qual era o papel de um cientista.A Universidade abriu muito a minha cabeça, no sentido das interações que as ciências têm com os diversos campos da sociedade. A grande mudança que aconteceu na minha vida por ter passado os anos do mestrado e doutorado na USP, foi ver a Física interagindo mais com outras áreas e sendo bastante útil no contexto do dia a dia”, conta.

 

Texto por Nathalia Gianetti