Pró-Reitoria de Pós-Graduação ouve os diplomados para planejar o futuro

Respostas a questionário disponibilizado na Plataforma Alumni mostram ex-alunos de Pós-Graduação satisfeitos com os programas, mas ainda é necessário vencer desafios para manter a qualidade.

 

Questionário disponível para os ex-alunos de pós-graduação na Plataforma Alumni

 

O futuro dos cursos de pós-graduação no Brasil é muito favorável, principalmente se eles forem também considerados como uma forma de aperfeiçoamento da carreira profissional, com um papel mais amplo do que estabelecido quando da criação da pós-graduação, além, portanto, da vocação de formação de professores, independentemente da área do conhecimento. Mas para esse futuro positivo no horizonte será necessário vencer alguns desafios, como o do financiamento, por exemplo, e o da elaboração de um novo plano nacional com diretrizes para os cursos, que contemple qualidade na formação e na produção. Essa é a análise do Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP, professor Carlos Gilberto Carlotti Junior.

Para analisar como deve ser o futuro dos programas de pós-graduação da USP e para orientar sua gestão, o pró-reitor voltou ao passado e buscou ouvir os titulados por meio de questionário disponibilizado na plataforma Alumni. As respostas ao questionário, composto de dez perguntas relacionadas a diversos pontos da formação, experiência e trajetória profissional do titulado, foram comemoradas pelo pró-reitor. “Foram respostas extremamente positivas, com semelhança na distribuição em todas as áreas. Vemos que a maioria dos alunos está satisfeita, na grande maioria das áreas e dos programas.”

 

Carlos Gilberto Carlotti Júnior, Pró Reitor da Pós-graduação da USP. Foto Marcos Santos/USP Imagens

O gestor lembra que um curso de pós-graduação não termina quando o aluno recebe o título, mas sim com o impacto dele na vida profissional do diplomado e em como ele vai colaborar com a sociedade. “Por isso nosso interesse no que aconteceu com nossos ex-alunos”, afirma Carlotti Junior.

A pró-reitoria fez uma análise global dos dados, já a análise individual ficará por conta dos coordenadores de programas. “Na análise conjunta não identificamos características individuais, o que é possível ser feito pelos coordenadores de programas, por isso já encaminhamos as planilhas.”

Concentração dos diplomados no sudeste

Outro dado que chamou a atenção do gestor foi o fato de mais de 80% dos diplomados dos últimos 10 anos estarem no estado de São Paulo e nos estados vizinhos, o que difere daqueles que se titularam no início dos cursos de pós-graduação da USP, quando eles se distribuíram por todas as regiões e estados da federação. “Isso mostra uma regionalização da nossa pós-graduação, muito provavelmente associada ao aumento do número de programas criados em outros estados. Nossa preocupação agora é recuperar a condição da USP de formadora de pesquisadores e indutora da formação de núcleos de pesquisa em todos os estados do País.”

Carlotti Junior lembra que nas respostas foi possível identificar também uma tendência de os diplomados se dedicarem à inovação. “Em algumas áreas, 10% dos que responderam já estão dedicados à inovação, ou criando startup ou participando de empresas que surgiram a partir da titulação na pós-graduação. Formar professores de ensino superior continua sendo a vocação dos programas, mas quando incorporamos outras finalidades faz mais sentido para a população financiar e manter a pós-graduação.”

Sobre esse financiamento o professor lembra que o Brasil tem vivido vários sobressaltos, com diminuição e mudanças de critérios na distribuição de bolsas. “Sem financiamento, podemos trabalhar muito, mas não vamos conseguir atingir os objetivos. A educação de forma geral não pode ser considerada gasto, mas sim um investimento. Portanto, temos que mostrar a importância da educação e da ciência e ter um financiamento estável e duradouro.”

EXPO-PG

Sobre a satisfação dos ex-alunos da pós-graduação, o pró-reitor cita como exemplos os depoimentos no Portal da Expo-PG, como o do consultor independente Ulrico Barini, que fez doutorado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) entre 2004 e 2008. Com formação em Psicologia, na época era vice-presidente de Recursos Humanos de um grande banco e, mesmo com todo conhecimento prático e técnico, sentiu falta de embasamento conceitual e epistemológico para construir novas visões e modelos. Segundo ele, lacuna que conseguiu sanar a partir do doutorado, que permitiu uma visão integrada e novos conhecimentos que agregam valor ao seu background.

A Expo-PG USP foi um evento online, promovido no início do mês de fevereiro, pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP para divulgar as atividades da Pós-Graduação da Universidade para toda a sociedade, dando a oportunidade de conhecer programas, orientadores e alunos. Atualmente a USP conta com 270 programas de pós-graduação, 30 mil discentes e já titulou mais de 150 mil alunos.

Alumni

O portal Alumni USP, tem o intuito de reunir os antigos alunos de graduação e de pós-graduação – mestrado e doutorado. Os graduados a partir de 1974 e titulados de pós-graduação a partir de 1986 conseguirão aprovação automática do cadastro no portal. Os que estiverem fora dessa faixa serão validados pela sua Unidade de origem, já que os dados dos ex alunos diplomados antes  de 1974 e de 1986 não estão disponíveis nos bancos de dados digitais da USP.

Para a professora da Faculdade de Odontologia (FO) Marina Gallottini, coordenadora do Alumni USP, a plataforma “é um projeto inovador, uma vez que o portal não quer apenas gerar estatísticas sobre os antigos alunos, mas quer acolhê-los por meio de ferramentas atrativas, melhorar o relacionamento da USP com esse público e mostrar para a sociedade a contribuição da Universidade na formação de seus alunos”.

Atualmente a plataforma já tem mais de 80 mil inscritos, quase a metade ex-alunos de pós-graduação, e por isso, para o pró-reitor Carlotti Junior, o Alumni USP não é só para encontrar amigos e procurar oportunidades, mas uma ferramenta de gestão para a Universidade. “Com a plataforma, o aluno ganha e a Universidade também.”

questionário de avaliação para ex-alunos de pós-graduação está aberto e contínuo na plataforma, e a cada dois anos será estipulada uma data para análise dos dados.

 

Reportagem: Rose Talamone