Alumni em destaque: Rafaela Salgado Ferreira

A pesquisadora trabalha na área de Química Medicinal e, hoje, desenvolve método de tratamento para doenças negligenciadas, como a Doença de Chagas

 

Foto: Assessoria de Comunicação e Divulgação Científica Instituto de Ciências Biológicas – UFMG

 

O fascínio da pesquisadora, com Pós-Doutorado pela USP, pela área da saúde começou cedo. Desde o período da infância já se interessava pelas profissões desse ramo, mas foi apenas durante o Ensino Médio que resolveu seguir a carreira.  “Acho que tem dois componentes muito importantes para a minha escolha. O primeiro deles é o potencial de contribuir para questões importantes, como o desenvolvimento de medicamentos, e o outro é uma questão pessoal de curiosidade científica, de interesse por biologia, pelo corpo humano e pela compreensão por como acontece esses processos de saúde e doença”, conta.

Atualmente, além de trabalhar com pesquisas, Rafaela Salgado Ferreira é professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) , onde fez sua graduação em Farmácia. Apesar de ter decidido seguir a carreira na educação superior apenas enquanto cursava a pós-graduação, hoje afirma não ter nenhuma preferência por uma das duas “Ambas são muito importantes. É interessante ressaltar o fato de que trabalhar com pesquisa pode auxiliar muito no ensino, em relação a estar sempre em busca de atualizações e ficar em dia com a literatura científica, trazendo os avanços para serem discutidos em sala de aula. Essa associação entre os dois papéis é sempre benéfica”.

 

Pesquisa

“Eu trabalho com doenças negligenciadas, que são reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doenças para as quais existe a necessidade de novos medicamentos, mas que não possuem tantos investimentos por parte da indústria farmacêutica”. O principal objetivo da equipe é desenvolver novos medicamentos para a Doença de Chagas e Doença do Sono Africana. Além disso, Rafaela comenta que, atualmente, também está trabalhando com a infecção pelo vírus zika, que apesar de não estar na lista da OMS, é uma doença emergente.

O método utilizado consiste na abordagem de planejamento racional de fármacos. “A ideia é estabelecer alvos terapêuticos, encontrar proteínas que podem ser consideradas bons alvos para tratamento dessas doenças e, então, desenvolver inibidores para essas proteínas. No caso de doenças causadas por um organismo, nós procuramos em primeiro lugar por proteínas que são essenciais para ele. Se eu conseguir desenvolver inibidores que vão reduzir a atividade dessas proteínas, eu consigo também matar o organismo e curar a doença”, conta a pesquisadora.

Para que esses inibidores sejam desenvolvidos, é necessária a utilização de programas computacionais, a fim de criar simulações que resultem em hipóteses de estruturas moleculares capazes de inibir as proteínas. Depois, no laboratório, a eficácia das moléculas é conferida.  “Nós já desenvolvemos diversas novas classe de inibidores, principalmente da cruzaína, proteína alvo do Trypanosoma cruzi, que é o agente causador da Doença de Chagas”, comenta Rafaela sobre os resultados obtidos.

Quando indagada sobre o motivo de ter escolhido esse campo de pesquisa, a professora fala de sua função social: “Existe uma grande necessidade  de medicamentos para doenças negligenciadas, mas não há investimento suficiente na indústria farmacêutica. Como pesquisadora de um país que é bastante afetado por essas doenças, acho que é muito importante que nós (pesquisadores) estejamos conscientes da demanda por esses medicamentos e que possamos colaborar”.

 

Pós-Doutorado na Universidade de São Paulo

Após fazer seu doutorado em Química na University of California, Rafaela Salgado Ferreira quis voltar ao Brasil, com o intuito de estabelecer sua carreira no país, e procurou programas de referência na área de Química Medicinal, “divisão da química direcionada para o desenvolvimento de novos medicamentos”. Escolheu, então, fazer o seu pós-doutorado no Instituto de Física de São Carlos, que era  “muito reconhecido por seu trabalho de qualidade”.

A pesquisadora também falou de seus planos para o futuro. “Eu pretendo fortalecer o meu grupo de pesquisa. Acho que a minha preocupação, hoje em dia, seria por atingir uma excelência cada vez maior no trabalho para poder contribuir cada vez mais na obtenção de bons resultados e na formação de recursos humanos”, finaliza.

 

Texto por Nathalia Giannetti