Alumni USP em Destaque: Mariana Carrara

Egressa da Faculdade de Direito da USP, Mariana Salomão Carrara construiu uma carreira marcada pela escuta, sensibilidade e compromisso social, unindo sua atuação como defensora pública à escrita literária.

 

Mariana Salomão Carrara. Foto: Leo Souza.

Mariana Salomão Carrara é egressa da Faculdade de Direito da USP e construiu uma trajetória singular, que une a escuta atenta da Defensoria Pública à imaginação sensível da literatura. Tem publicados, entre outros, os romances Se deus me chamar não vou (indicado ao Prêmio Jabuti), É sempre a hora da nossa morte amém (finalista do Prêmio São Paulo também indicado ao Jabuti), Não fossem as sílabas do sábado (Vencedor do Prêmio São Paulo 2023, Melhor Romance do Ano) e A árvore mais sozinha do mundo. Também lançou o livro infantil Sabor Paciência. Mariana compartilha com o Escritório Alumni USP os caminhos que entrelaçaram sua atuação no serviço público e sua vocação artística.

Mariana graduou-se em se em Direito em 2009 e, no ano seguinte, chegou a iniciar dois caminhos em paralelo: a graduação em Letras e o mestrado em Direito, além de ser aprovada no concurso para a Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Com a posse em fevereiro, e diante da intensa rotina profissional, precisou abrir mão dos outros projetos, mas nunca da escrita. “Eu escrevo desde menina, então sempre tive essa certeza, de que não importava que caminhos minha vida tomaria, isso eu nunca pararia de fazer”, conta a egressa.

Atua há 14 anos como defensora pública. Passou pelos campos criminal e infracional antes de se fixar na área cível e de família, onde trabalha desde 2014 em São Miguel Paulista. Ao longo dessa jornada, percebeu que ouvir as pessoas em suas dores e complexidades é uma experiência profundamente humana, que se conecta de maneira íntima com o trabalho literário. “Lidar com pessoas e suas histórias tem muito a ver com o assunto exercício constante de empatia que é a escrita de ficção literária”, afirma.

Durante a graduação, Mariana participou ativamente de atividades extracurriculares. Foi integrante do grupo de teatro da Faculdade de Direito nos primeiros três anos e da Academia de Letras da São Francisco. Também cursou disciplinas optativas em Antropologia e Direito na Cidade Universitária, e sua tese de láurea abordou o uso do psicodrama no ensino jurídico. “Essas atividades marcaram muito minha vida universitária, traziam um sentido mais amplo a esse período de formação”, relembra.

A carreira na Defensoria teve impactos em sua concepção de mundo e, inevitavelmente, em sua produção literária. “Acredito que tantos anos de Defensoria moldaram minha visão de mundo”, comenta. 

Atualmente, Mariana está escrevendo seu primeiro romance ambientado diretamente no universo do Judiciário — um reencontro mais direto entre suas duas carreiras.

Questionada sobre como a USP pode fortalecer a formação de estudantes que desejam atuar nas áreas humanas, Mariana defende a inserção de disciplinas menos dogmáticas, que promovam o diálogo entre a formação jurídica e os campos artísticos. Ela também destaca a importância de atividades extracurriculares e do contato com autores, leituras coletivas e debates literários. “Venho sendo convidada por colégios, Tribunais, e também por universidades para conversar sobre os meus livros. Esse contato com os escritores, com leituras coletivas das obras para os debates, parece também expandir os horizontes de operadores da Justiça e alunos, o que creio que funcione muito bem para todos os campos e temas de formação”, conclui.

O Escritório Alumni USP parabeniza Mariana Carrara por sua trajetória inspiradora, que demonstra como a escuta sensível e a imaginação literária podem caminhar juntas em prol da justiça social e da transformação humana.

 

Texto: Vinícius Palamarczuk Rocha