Ventiladores pulmonares desenvolvidos por pesquisadores da USP estão sendo utilizados no Incor

Projeto Inspire desenvolveu respirador, importante para tratamento de pacientes graves da covid-19, a baixo custo e com patente aberta. Aparelhos agora são utilizados em pacientes do Incor

Ventilador pulmonar do projeto Inspire. Imagem: divulgação.

Reitor Vahan Agopyan em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes. Foto: Adriana Cruz

No dia 15 de julho o governador do Estado de São Paulo anunciou, no Palácio dos Bandeirantes, que ventiladores pulmonares desenvolvidos por pesquisadores da USP começariam a ser utilizados no Instituto do Coração (Incor) já no dia seguinte à coletiva de imprensa. De início, dez aparelhos foram colocados à disposição para pacientes acometidos pela covid-19. “É um grande dia para a ciência brasileira. Um grande anúncio que parte da USP, a melhor universidade do País e da América Latina. Estes equipamentos demonstram a capacidade dos pesquisadores, professores e alunos que desenvolveram, em apenas quatro meses e a um baixíssimo custo, a produção de respiradores. Ainda que em pequena escala, mas que, ao longo do tempo e gradualmente, ganhará condições mercadológicas”, afirmou o governador João Doria em sua fala. Também presente no evento, o Reitor Vahan Agopyan celebrou a conquista dos pesquisadores, dizendo que “Esta é uma vitória da ciência e do Estado de São Paulo, que confia, apoia e financia seus centros de pesquisa”.

As pesquisas nesse âmbito – do desenvolvimento desse tipo de mecânica – ocorrem há bastante tempo na Escola Politécnica, mas foi desde março deste ano de 2020 que um grupo de dezenas de pesquisadores da USP, sob a coordenação dos professores da Escola Politécnica, Marcelo Zuffo e Raúl Gonzalez Lima, se uniu para desenvolver essa importante solução diante do aumento de internações de pacientes com quadros respiratórios graves por conta da pandemia de covid-19, que são internados em UTIs e precisam desse tipo de suporte. O custeamento da pesquisa foi em grande parte graças às doações feitas ao Programa USP Vida. Um respirador pulmonar convencional que existe no mercado pode custar por volta de 250 mil reais, enquanto o do projeto Inspire tem custo de aproximado entre 5 e 10 mil reais, livre de impostos. Podendo ser produzido de maneira rápida (em duas horas) e com insumos nacionais, sem necessidade de importações. A outra grande contribuição dos pesquisadores é que o projeto foi desenvolvido com patente aberta, ou seja, qualquer empresa a partir de agora poderá produzir e comercializar o aparelho – desde que reguladas pela Anvisa.

Prof. Raul Gonzalez, um dos coordenadores do projeto Inspire. Foto: Fabio Lage

 “A USP é uma universidade pública e de pesquisa e tem como uma de suas missões a transferência de tecnologia e de conhecimento. O resultado que estamos inaugurando tem agregado um conteúdo resultante de 20 anos de pesquisas na área pulmonar, de uma cooperação entre várias unidades da USP”, disse o pesquisador Raúl Gonzalez Lima em entrevista à Agência Fapesp.

Em abril, entre os dias 17 e 19, quatro respiradores foram testados em pacientes do Incor, apresentado funcionamento adequado e considerados aprovados para o uso. Portanto agora está sendo feita a regulamentação nos órgãos responsáveis de maneira rápida. Na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, a Conep, já recebeu a certificação e agora está em fase final de aprovação pela Agência de Vigilância Nacional, a Anvisa. Inspeções já foram feitas no local de produção desses aparelhos e as condições do ambiente foram consideradas satisfatórias pela Agência de Vigilância.

Conforme depoimento do professor Raul Gonzalez, colhido pela Assessoria de Imprensa da Poli, “Buscamos montar um equipamento que pudesse utilizar ao máximo componentes que já existem no mercado brasileiro, não dependendo muito de importação, e que pudéssemos acionar os fabricantes dos componentes para aumentar sua produção. Tentamos evitar peças que tivessem que ser desenvolvidas, ou seja, utilizamos peças que já existem em linhas de produção”. Foi quando, em maio, estabeleceu-se importante parceria com o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo para a produção desses ventiladores, o que aumentará a quantidade e velocidade na oferta desses aparelhos diante da pandemia de covid-19.

Ventiladores estão sendo produzidos em parceria com o Centro Tecnológico da Marinha. Foto: Cecília Bastos

 

Para mais detalhes oficiais, acompanhe o site do Projeto: www.poli.usp.br/inspire

 

Texto: Rodrigo Rosa