Alunos da USP discursam na Assembleia Geral da ONU

Matéria publicada no Jornal da USP.

Milena Malteze e Matheus da Silva apresentaram planos de ação para o desenvolvimento sustentável do País

A estudante de Direito Milena Malteze Zuffo – Foto: Michael Paras Photography, LLC/ONU

No dia 21 de julho, dois alunos da USP tiveram a oportunidade de discursar na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), localizada em Nova York.

Os estudantes Milena Malteze, da Faculdade de Direito (FD), e Matheus Reis da Silva, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), estão entre os sete brasileiros selecionados pelo concurso de redação Muitas Línguas, Um Mundo, promovido pelo programa Impacto Acadêmico da ONU em parceria com a ELS Educational Services.

Os vencedores foram levados às cidades de Boston e Nova York, nos Estados Unidos, onde teriam dois minutos para discursar na Assembleia Geral da ONU e fazer com que suas vozes fossem ouvidas no hall que é anualmente frequentado por líderes mundiais.

A Assembleia é o principal órgão deliberativo da ONU, pois abre espaço para que representantes dos 193 Estados-Membros da Organização tenham poder de voto para discutir questões que afetam a vida de todo o mundo.

Ainda que o tempo pareça pouco, os discursos foram fruto de pesquisas que os vencedores realizaram a partir das propostas da Agenda 2030, um conjunto de 17 metas globais para o desenvolvimento sustentável do planeta, a serem adaptadas à realidade de cada país.

Os vencedores do concurso neste ano – Foto: Michael Paras Photography, LLC/ONU

“Fui lapidando a pesquisa até encontrar uma solução. O único requisito foi que fizéssemos um estudo que desse origem a um plano de ação”, explica Milena. O foco da estudante de Direito foi o tópico 16.3 da Agenda 2030, que consiste em garantir o acesso à justiça para todos.

Já o discurso de Silva teve como enfoque o desenvolvimento de cidades e comunidades, em referência ao objetivo de número 11 da Agenda (Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis). Por já ter morado no Rio de Janeiro, usou essa vivência para denunciar a situação das crianças que moram nas ruas da cidade.

No total, 60 jovens de 27 países diferentes foram escolhidos a partir de redações que escreveram utilizando algum dos seis idiomas oficiais da ONU. O texto deveria pautar o modo como o conhecimento multilinguístico contribui para as noções de cidadania global e para o intercâmbio de culturas.

O grande dia

“É lindo”, diz Milena Malteze sobre conhecer a sede da ONU. Para o concurso, a estudante de Direito escreveu sua redação com base em uma experiência vivida no intercâmbio e no conto bíblico da Torre de Babel — um lugar onde todos falavam a mesma língua até que foram castigados com a criação de diversos idiomas, impedindo a comunicação entre diferentes povos.

Apesar de se considerar bastante tímida, Milena ri de si mesma ao lembrar de como ficou mais nervosa no dia anterior ao discurso, enquanto praticava as falas no auditório, do que na hora de se apresentar de fato para a plateia, onde estavam delegados e representantes  convidados.

O estudante de Medicina Matheus Reis da Silva – Foto: Divulgação

Para Matheus Silva, o nervosismo surgiu na hora levantar e subir a escada até o palanque onde faria o discurso. Mas, depois que percorreu o caminho, a apresentação veio de maneira natural. “Acreditaram na minha capacidade, então nada mais justo do que eu acreditar em mim também; era uma oportunidade única”, conta.

Mesmo antes que as inscrições do concurso fossem abertas, ele já estava preparado para escrever o ensaio que o levaria até Nova York. Na redação, resgatou experiências de liderança, como ter participado da conferência Rio+20 por meio de um projeto do ensino médio e o trabalho voluntário que atualmente realiza no Peru.

Para o estudante de Medicina, o sentimento agora é de “dedicação, foco e aplicação”. Ele reconhece que a experiência, mais do que pessoalmente, foi também positiva profissionalmente, pois agora se sente mais motivado para seguir com projetos pessoais, como a publicação do seu livro Você Aprovado, com técnicas de redação para o Enem.