Saiba mais sobre o Alumni USP

Fonte: FAPESP

A plataforma permite a criação de uma rede de contatos entre ex-alunos e traz benefícios tanto para seus usuários quanto para a universidade

A Universidade de São Paulo quer seaproximar de seus antigos estudantes e para isso vem investindo no portal Alumni USP, uma espécie de rede social em que ex-alunos de graduação e pós-graduação podem aprimorar sua rede de contatos acadêmicos e profissionais, reencontrar colegas e tomar conhecimento de oportunidades de trabalho e de pesquisa, entre outras possibilidades. O interesse da USP é usar a plataforma para se inteirar sobre a trajetória de ex-estudantes no mercado de trabalho e avaliar a eficiência de suas estratégias de formação.

A plataforma começou a ser testada em 2013. Em fins de 2016 passou a ser aberta para todos os ex-alunos de graduação e pós-graduação da universidade formados a partir dos anos 1970. Conta atualmente com cerca de 21 mil ex-alunos registrados, 7% dos 286.901 estudantes cadastrados que concluíram a graduação e a pós-graduação (mestrado e doutorado) na universidade nas últimas cinco décadas.

A maioria tem entre 35 e 55 anos de idade. A Escola Politécnica (Poli) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) são as unidades com mais usuários ativos: 2.967 e 2.936 ex-alunos, respectivamente. “Os números ainda são singelos”, reconhece a dentista Marina Helena Gallottini, da Faculdade de Odontologia da USP e coordenadora do escritório Alumni USP, responsável pela plataforma. “Cerca de 40% dos usuários voltam a acessar o portal após o cadastro.” A meta, segundo ela, é dobrar o número de participantes ainda no primeiro semestre de 2018 e estimular o uso mais frequente da rede.

“Queremos manter um canal de comunicação atualizado com nossos egressos, fazendo disso uma ferramenta de gestão que nos permita aprimorar a formação dos alunos atuais”, explica Marina. “Poderemos usar a iniciativa para identificar as fragilidades da formação oferecida pela universidade em relação às exigências do mercado de trabalho.” Ela esclarece que professores e pesquisadores também poderão utilizar informações dos perfis dos ex-discentes na plataforma na prestação de contas de projetos concedidos por agências de fomento. A ideia é que as informações sobre a situação dos ex-alunos na academia ou no mercado de trabalho ajudem a demonstrar qual foi o impacto do investimento das agências na formação desses profissionais à época em que eram estudantes e tinham bolsa ou participavam de projetos de pesquisa.

O Alumni USP foi concebido a partir do iMinerva, uma rede criada em 2010 pelo engenheiro da computação Etienne Cartolano e o engenheiro elétrico Fernando Josepetti Fonseca, membro da Comissão de Relações Internacionais da Poli. O objetivo era reunir estudantes de engenharia de diversas faculdades públicas que participaram de intercâmbios internacionais durante a graduação. Pouco mais de dois anos após sua criação, o iMinerva reunia aproximadamente 3 mil ex-estudantes. “A experiência bem-sucedida dessa plataforma na Poli chegou até o físico João Eduardo Ferreira, do Instituto de Matemática e Estatística da USP, que se interessou em discutir como essa ferramenta poderia ser ampliada para toda a universidade”, conta Fonseca, um dos membros da equipe responsável pela administração do portal. Ao lado de outros alunos, eles elaboraram uma proposta e a apresentaram à reitoria da USP, que se interessou pela ideia.

A responsável pelo desenvolvimento do software do Alumni USP é a iAlumni, startup fundada por ex-alunos da Poli, entre eles Cartolano. A empresa está incubada na Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) da universidade, onde recebe apoio para seu desenvolvimento. “Estamos conversando com investidores e trabalhando em um plano de negócios para que o software usado no Alumni USP seja adotado por outras universidades do país”, diz Cartolano.

Para aumentar a adesão de antigos estudantes, os pesquisadores fazem campanhas publicitárias nas redes sociais e em meios de comunicação da própria universidade. A ideia é disseminar os benefícios que a plataforma oferece. Hoje, o egresso que se cadastrar no Alumni USP ganha automaticamente um e-mail USP, passando a ter acesso ao acervo digital no Sistema Integrado de Bibliotecas, incluindo o Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Isso pode ser importante para os ex-alunos que hoje trabalham em outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior e perderam o direito de acessar os acervos, destaca Fabiana Martins, professora dos cursos de graduação e pós-graduação em odontologia da Universidade de Santo Amaro, em São Paulo.

Fabiana concluiu o doutorado na Faculdade de Odontologia da USP em 2013, e desde 2016 é cadastrada no Alumni USP. “Uso a plataforma para acessar o acervo digital de periódicos no Sistema Integrado de Bibliotecas e aperfeiçoar minha rede de contatos”, afirma. Ela destaca que o portal pode ser útil para estudantes de outros estados e países. “Recentemente entrei em contato com um colega colombiano dos tempos do doutorado por meio do Alumni USP e estamos discutindo a possibilidade de uma parceria em um projeto de pesquisa”, ela comenta.

Outra possibilidade é aproximar recém-formados e profissionais já experientes no mercado de trabalho, segundo o perfil e os interesses de cada um. O cruzamento dos dados baseia-se nas informações inseridas pelos próprios usuários, que podem sincronizar o perfil no Alumni USP com sua página na rede profissional LinkedIn. “Com isso, o portal também se propõe a ser uma espécie de balcão de oportunidades, com anúncios de vagas de emprego e parcerias de negócio e de pesquisa publicados pelos ex-alunos”, explica Fernando Fonseca.

Para a advogada ​Maria Paula Dallari Bucci​, da Faculdade de Direito da USP, a plataforma pode no futuro se tornar um elemento informativo do sistema de avaliação da universidade com base em dados referentes à taxa de inserção de seus alunos no mercado de trabalho. “Para além disso, a plataforma me parece promissora por permitir aos alunos que recentemente concluíram a pós-graduação se manter vinculados à universidade”, ela destaca. “Isso poderá ajudar a promover ou facilitar a continuidade de pesquisas desenvolvidas durante o curso”, diz Maria Paula, que foi membro da comissão encarregada de propor o novo sistema de avaliação da USP, em 2016.

O conceito de alumni é bastante disseminado nas instituições de ensino do exterior, sobretudo na Inglaterra e nos Estados Unidos, em universidades como Oxford e Harvard, por exemplo. Nesses países, é comum as instituições contarem com o apoio financeiro de antigos alunos que se destacaram em suas trajetórias acadêmicas e profissionais. Já os egressos escolhem manter os vínculos com as universidades por conta do prestígio que elas mantêm na sociedade e no mercado de trabalho, reforçando uma identidade que os diferencia. No Brasil, esse vínculo aos poucos começa a ser mais valorizado.

As associações ou comunidades de ex-alunos, especialmente em instituições públicas de ensino, são as formas mais conhecidas de vínculo entre ex-alunos de uma universidade. Muitas vezes, no entanto, essas entidades restringem-se a alguns departamentos. É o caso da associação dos antigos alunos das faculdades de Medicina e de Direito da USP. Tais iniciativas nascem por decisão dos próprios discentes, que as administram voluntariamente.